43 As novas propostas regulatórias do licenciamento ambiental e os espaços de diálogos: Limites e desafios para o aprofundamento democrático.

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Abstract Summary

As questões relativas ao meio ambiente têm ampliado de forma relevante sua importância nas discussões políticas, pela vulnerabilidade dos recursos naturais diante das ameaças de degradação oriundos do crescimento urbano e industrial, desde a revolução industrial. No Brasil o licenciamento ambiental constitui-se como o principal instrumento da gestão ambiental, procurando conciliar desenvolvimento econômico, qualidade de vida e preservação dos recursos ambientais para prover as futuras gerações. O arcabouço institucional do licenciamento ambiental apresenta um sistema de tríplice licenciamento e, a despeito das oportunidades de adaptações e melhorias, apresenta regras e diretrizes claras, amparadas juridicamente em leis e resoluções que contribuem de forma satisfatória para a gestão ambiental sustentável. No contexto do desenvolvimento sustentável, a relação entre o Estado e o Mercado revela-se ponto central no delineamento das formas de apropriação e uso dos recursos. No jogo de interesses que permeia a questão, cabe ao Estado sobretudo a função reguladora, inibindo ações que favoreçam interesses econômicos isolados, dando voz à população e protegendo o interesse social coletivo. No Brasil a participação popular tem antecedentes que remontam aos movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, especialmente na década de 1980 que desdobram-se em expressivos avanços constitucionais com a previsão de criação de instituições participativas (IPs), previstos na Constituição Federal de 1988 relativos à participação (DAGNINO, 2002; AVRITZER, 2011; MATEOS, 2011). Como canais de participação institucionalizada nas decisões públicas ambientais brasileiras, destacam-se os Conselhos Gestores e as Audiências Públicas que, enquanto instrumentos do poder público para promoção de diálogos com atores sociais, quando aplicadas ao processo de licenciamento ambiental, asseguram o acesso à informação bem como a oportunidade de participação dos processos decisórios, possibilitando a solução de conflitos sociais, melhorando a qualidade da gestão pública e reforçando a democracia participativa – para além da representativa – no país. No entanto, diante da discrepância entre o aparato institucional ambiental e a capacidade de execução dos órgãos ambientais, que acaba prolongando o processo licenciatório, novas propostas regulatórias vêm sendo discutidas no Congresso, sugerindo reajustes que retiram fases do licenciamento onde ocorrem as consultas públicas. Sob o mote de “celeridade do processo”, as propostas desencadeiam na verdade a aceleração da degradação ambiental, à medida que distanciam ainda mais as ações efetivas e as estruturas das instituições do necessário para tornar realidade o desenvolvimento sustentável do país, apresentando ainda sérios riscos para o aprofundamento democrático da gestão ambiental no país. Nesse contexto, o trabalho problematiza a questão das audiências públicas no processo do licenciamento ambiental apontando sua importância enquanto instrumento de legitimação democrática, bem como os limites e desafios diante da agenda pública ambiental brasileira.

Abstract ID:
GIGAPP201771624
Estudante Mestrado
,
Fundação João Pinheiro
Professor
,
Escola de Governo - Fundação João Pinheiro
Docente
,
Escola de Governo - Fundação João Pinheiro
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