Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise comparativa das políticas culturais desenvolvidas no Brasil e na Espanha, com foco específico na experiência dos “Pontos de cultura” no Brasil e dos “Centros Cívicos” na Espanha. É sabido que o campo de discussão sobre gestão cultural e políticas culturais no Brasil ainda é recente, existindo poucos estudos sistematizados e consensuais sobre o tema. Em contraponto a isso, a Espanha vem se destacando por ser um dos modelos de referência na trajetória das políticas culturais no mundo, influenciando o debate da agenda internacional sobre o tema. A forte tradição associativa e do desenvolvimento da cidadania naquele país, traz chaves interessante para se pensar os dilemas presentes na realização de uma política cultural brasileira, mais democrática, e que leve em conta os princípios da cidadania cultural como base. Ao mesmo tempo, podemos perceber, que nos últimos anos, a política cultural brasileira tem tido destaque em nível internacional através da formulação e implementação do conceito de “Cultura Viva”, que tem como eixo central os ‘Pontos de cultura’. O objetivo principal da política dos ‘Pontos de cultura’ foi construir uma política cultural democrática e cidadã e participativa. Pretendemos nesse artigo analisar criticamente até que ponto esse objetivo foi realizado na prática, e ao mesmo tempo, perceber as interlocuções possíveis com a experiência espanhola, a fim de apontar caminhos para a implementação de uma política cultural mais democrática e participativa na relação entre Estado e sociedade civil.