59 Conscientizar o Cidadão ou Sobretaxar Alimentos Hipercalóricos? Uma Análise à luz da Restrição Orçamentária do Consumidor e da Política Nacional de Alimentação e Nutrição

A obesidade é um problema de saúde pública em diversos países, tendo como uma das variáveis que influencia este quadro o consumo de alimentos de alta densidade calórica (alimentos hipercalóricos). A restrição orçamentária do consumidor é uma das variáveis que influencia a escolha por alimentos, uma vez que bens substitutos são inseridos na cesta de consumo em função do seu menor preço unitário. A partir de uma amostra com 120 observações, um modelo de regressão Gama é testado, a partir de três hipóteses, para verificar o impacto de variáveis sociodemográficas (Renda, Gênero, Idade), da Restrição Orçamentária do Consumidor, do Índice de Massa Corporal (IMC) e da Intenção de Mudança do Consumidor após Informação de que os Produtos escolhidos são Hipercalóricos (IMCPHI) na variável dependente Densidade Calórica dos Alimentos por Real Gasto (DCARG). Os resultados indicam que apenas a variável Restrição Orçamentária influencia a variável DCARG. Em outras palavras, a restrição orçamentária influencia a densidade calórica dos alimentos escolhidos pelo consumidor. Assim, consumidores tendem a optar por alimentos hipercalóricos quando a disponibilidade de capital é menor. À luz da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), entende-se que sobretaxar produtos hipercalóricos pode ser uma estratégia a ser discutida de maneira intersetorial, mas com gargalos em função da indústria alimentícia; mas, trabalhar a conscientização com a população parece ser o caminho a ser discutido na formação da agenda de políticas públicas de combate à obesidade no país.