O ensino superior tem sido um objecto frequente de estudo nos últimos anos, dada sua relevância para a sociedade (Leite & Ramos, 2014). Em Portugal, a educação de nível superior apresenta-se actualmente dividida entre as universidades e os institutos politécnicos, presentes especialmente nas grandes urbes do país. A diferenciação entre as duas estruturas organizacionais produz um modelo binário (Urbano, 2011), que ocorre na vocação de cada instituição: enquanto que as universidades ensinam aos alunos “como fazer”, os politécnicos baseiam-se no “aprender fazendo” (Góis & Brás, 2013). Essas diferenças podem ser observadas, por exemplo, nos currículos e percursos formativos de ambas instituições, o que presume considerar que a oferta de cursos de nível superior oscila entre a concepção pedagógica das universidades e politécnicos, de um lado; e a procura oriunda do tecido produtivo (organizações governamentais, privadas e do terceiro setor), do outro. Essa relação comummente não se concretiza de forma harmónica, tendo consequências diretas na decisão dos alunos pela opção entre os mais variados cursos ofertados. Por sua vez, essas escolhas impactam diretamente na formação do capital intelectual do país, que gera consequências (benéficas ou não) para o desenvolvimento regional. Dessa maneira, o objectivo deste trabalho é analisar como o capital intelectual de Portugal foi moldado a partir da oferta e procura dos cursos de licenciatura das universidades e dos politécnicos. Para tal, usamos indicadores como a procura dos alunos e a taxa de emprego destes após sua diplomação. A metodologia desenhada é composta pela revisão bibliográfica e documental, e análise estatística dos dados estatísticos oficiais. O que se espera com esta investigação é averiguar das policy implications da configuração atual do ensino superior português para o capital intelectual local e, consequentemente, para o desenvolvimento regional do país.
